RE-FORMA
Existem diversas maneiras de descrever a ação de Deus em nossas vidas e muitas envolvem profissões criativas: oleiro, escritor, pintor, compositor. Minha analogia preferida para descrevê-Lo é a de um arquiteto.
Poucas pessoas têm ideia da quantidade de detalhes, compatibilizações e decisões envolvidas na concepção de um projeto de arquitetura e talvez quem já passou por uma reforma grande tenha alguma dimensão. Muitas vezes só a etapa do projeto leva meses, até mesmo anos, e mesmo assim é possível que algum detalhe escape aos olhos de todos os projetistas e se torne um grande problema na hora da execução.
Nosso mundo, a natureza, nossos corpos… tenho certeza que você já se pegou completamente abismado ao pensar sobre a complexidade de tudo isso, como uma coisa depende de outra em uma cadeia interconectada e complexa que simplesmente… funciona! O mundo foi pensado, projetado e executado com precisão milimétrica. Tudo, absolutamente tudo deu certo e funcionou com maestria, tudo era bom, nós éramos bons.
Até que escolhemos a decadência e a destruição começou a atuar. Quebradeira, entulho, sujeira. A descoberta de elementos que nem sabíamos que estavam ali, não precisávamos saber. A morte. Deus sabia como seria se escolhêssemos o mal, Ele nos avisou, nós é que escolhemos. Mas Ele não nos abandonou nos escombros dessa escolha!
Deus não nos abandonou nos escombros de nossas escolhas.
Um novo projeto, uma intervenção, o Filho. Jesus veio ao mundo e “fez a morte andar pra trás”, é nisso que cremos. Da virada do tempo em diante, uma nova obra começou! E agora o grande Arquiteto tem um novo projeto em mente: novos céus e uma nova terra.
Nessa virada de jogo, uma coisa me chama a atenção: no princípio, Deus criou um jardim. Ele nos colocou no Éden para cultivar e guardar. Cuidar, povoar, edificar. Ele nos fez criativos, pois nos fez à Sua imagem e semelhança. Nós nos apropriamos dessa criatividade e dos materiais que Ele nos deixou à disposição e construímos edifícios, templos, cidades! E o que Deus faz com isso?
“Depois vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia mais. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus.” (Apocalipse 21.1–2)
“A cidade santa”. No princípio Deus criou um jardim, mas em seu projeto de reforma está lançando uma cidade. Pense um pouco sobre isso.
A reforma de Deus envolve uma cidade.
Deus podia zerar o jogo. Dar um “ctrl+z” até o início da vida no Éden e nos levar de volta ao jardim, desta vez regenerados e livres do pecado, apagar tudo e recomeçar, mas não o fez. Em vez disso pegou essa “nossa” criação, possibilitada por Ele mesmo, e a aperfeiçoou.
Gosto de pensar que Ele fez isso porque se interessa pela maneira como podemos contribuir para a construção do céu. A Bíblia não é tão direta sobre isso, e devo lembrar que o que escrevo aqui é interpretação e um pouco de especulação, não teologia. Mas a Palavra dá outros indícios disso: o que faz o oleiro em Jeremias quando o vaso se quebra? “tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.” (Jeremias 18:4). Quer dizer então que Ele descarta aquele barro e parte pro próximo? Não, mas recomeça com o mesmo material, mudando apenas a sua forma. Re-forma. O que isso quer dizer? Ele nos quer com Ele, nossa essência. Ele quer aperfeiçoar a nossa essência!
Não sei quanto a você, mas pensar nisso enche o meu coração. Pensar que o Senhor não tem interesse em apagar quem somos, porque Ele mesmo nos fez, mas em nos aperfeiçoar à imagem de Cristo. Que Ele está interessado em aproveitar as coisas que criamos pois Se alegra com elas!
Pensar que há coisas que fazemos aqui, nossos atos de amor e bondade e quem sabe até nosso trabalho, quando feito para a glória de Deus, que permanecerão! Com isso não quero dizer que chegaremos no céu e encontraremos a Basílica de São Pedro ou a Sagrada Família, isso seria de fato especulação. Mas de uma coisa tenho certeza, como o apóstolo Paulo tinha: “(…) que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1:6.
Deus não está preocupado apenas com a restauração das coisas ao nosso redor, mas de cada um de nós também, nesse contínuo processo que chamamos santificação. Assim como um arquiteto consegue visualizar em sua mente a obra pronta, e a partir dessa imagem coordena toda a execução, creio que Deus olha para o mundo e para cada um de nós e já nos enxerga como seremos ao ver o que somos em Jesus: perfeitos, regenerados, uma construção em conjunto para a honra e glória dEle!
Somos uma obra em construção para Aquele que arquitetou a nossa história.
Que essa reflexão te encha de esperança, crendo sempre que no Senhor o teu trabalho não é em vão (1 Coríntios 15.58); que o que tu és está sendo aperfeiçoado por Ele a cada fase até o dia em que serás perfeito (Provérbios 4.18) e que toda dor e ruptura fazem parte da “quebradeira” pra que coisas novas possam ser edificadas. É essa a nossa fé e Ele é fiel para cumprir as Suas promessas!
Sofia Trevisan
*O conteúdo deste texto é de responsabilidade de seu (s) autor (es) e colaboradores diretos e não reflete necessariamente a posição do TeachBeyond Brasil ou de sua equipe ministerial.
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