Sobre ser filha

O sonho de ser mãe sempre fez parte dos meus planos, ainda mais quando comecei a trabalhar com bebês: aqueles pezinhos e mãozinhas inquietas, olhos observadores e dependência cheia de afeto e apego! Eu me realizava cuidando e amando os filhos de outras pessoas!

Depois de um tratar de Deus em minha vida através de um momento obscuro e muito dolorido de depressão e ansiedade, decidimos pedir a Deus pelo momento de ter nossos filhos. Engravidamos no primeiro mês de tentativa (resposta rápida de Deus) e que alegria foi a espera da nossa amada filha Ana Cecília! Mil planos, livros lidos e tudo acontecendo do planejado! Vivenciamos um parto natural cheio de cumplicidade, entrega e presença do Senhor.

Eu mal sabia que a realização de ser mãe viria com uma enxurrada de emoções, sentimento de impotência, exaustão e muitos pedidos de socorro a Deus. Eu sabia cuidar de bebês, mas o puerpério trouxe consigo algo que só vivendo para entender. Quando a adrenalina do parto passa, a realidade que surge é a presença de um ser completamente dependente de você. Isso pode gerar medo: medo de não dar conta, medo de ser uma mãe ruim, medo de se perder — e nunca mais se encontrar, porque a maternidade nos consome 24 horas, 7 dias da semana e tem horas que não passa, principalmente na madrugada, onde todos dormem menos você.

Em meio a tudo isso, com as tentativas de absorver e de processar todas as mudanças, vivendo o luto necessário daquela fase de ser mulher antes de ser mulher e mãe, o que eu mais precisava era me deixar ser cuidada e saciada pelo Criador. Em meio a todas as mudanças trazidas com a maternidade, o que eu mais precisava era aprender a ser filha de Deus.

Um dia, após amamentar minha filha, ela dormiu com uma expressão linda no meu colo. Lembro-me de estar descabelada, com fome e sonolenta, mas escolhi aproveitar aquele momento. Ali, Deus falou ao meu coração que, assim como minha filha descansava em meus braços, saciada e plena sem nenhuma preocupação (pois ela tinha a mim, que se preocupava com seus sinais de fome e sono), eu podia ser filha.
Deus conhecia as minhas necessidades naquele exato momento e eu poderia confiar nEle apesar de qualquer circunstância ou sentimento, aguardando o Seu cuidado em minha vida.

Precisei passar por esse tempo para aprender a ser filha.Ser filha é entrega, é se render, é confiar, é esperar e descansar… ser filha é saber que tenho um Pai que me ama, que me aceita mesmo descabelada, cansada, chorosa e que me dá colo. Tenho Sua presença e companhia 24 horas, 7 dias da semana, tenho Sua força e ânimo nos dias mais desafiadores, como os de uma pandemia, nos quais me ensinou tanto sobre o sacrificar-se e amar como Jesus nos amou.

Todos os dias sou constrangida por mim mesma e esbarro em quão egoísta sou. Não passo um dia desde que virei mãe sem perceber o pecado vindo à tona; porque eu não quero perder, porque não quero ficar sem minhas preciosas horas de sono, sem meu banho demorado, sem o tempo que eu tinha pra mim e para o ministério, família e amigos.Durante um tempo precisei aprender que a minha vida ministerial era a minha filha e isso era do agrado de Deus. Aprendi nessa nova fase que amar a Deus é amar o próximo mesmo sem aquela animação… mesmo passando a noite em claro com sua filha doente!

Fui convidada a sair da minha zona de conforto muitas vezes com lágrimas nos olhos, mas ganhei inúmeras oportunidades de adorar ao Senhor, de reconhecer a bondade dEle, Sua fidelidade e amor sem medidas.
Hoje eu olho aquela mulher com muitos sonhos de maternidade e ideais romantizados sobre ser mãe e vejo a graça de Cristo ensinando-a a ser filha e aproveitar todos os dias o Seu colo cheio de ternura, paz e amor.
Sou filha de um Deus que é Pai. Posso exercer muitos papéis, mas nada muda o fato de ser filha de Deus e isso faz tudo valer a pena! Nada se compara àquilo que Cristo faz em nós — tudo para Ele, tudo por Ele.
Ps: Estou amando ser sua filha, Deus!!!!


Por Caroline Bianchi Fattori Marmitt, aluna egressa de 2010, pedagoga, esposa e mãe de duas lindezas.

*O conteúdo deste texto é de responsabilidade de seu (s) autor (es) e colaboradores diretos e não reflete necessariamente a posição do TeachBeyond Brasil ou de sua equipe ministerial.

Gostou do conteúdo? Compartilhe!
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
jÁ CONHECE NOSSO PODCAST?
Nos siga nas redes sociais
confira agora
Posts Recentes
Artigo

No mundo tereis haters

Ser alvo de críticas é inevitável, mas nossa resposta como cristãos deve ser ancorada na verdade e no bom procedimento, confiando em Deus para a glória final.

LEIA MAIS »

Quer saber mais sobre o STG e nossos cursos?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *